CRIAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO NO PÂNTANO DO SUL: DEMANDA DA COMUNIDADE PELA QUALIDADE DE VIDA E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
O presente trabalho trata de apresentar e discutir a mobilização para a criação de um espaço protegido como
Unidade de Conservação da Natureza (UC) da parte insular do município de Florianópolis. Hoje no município, as UC e as Áreas de Preservação Permanente (APP) municipais apresentam uma área de cerca de 28,9% do território do município, quase todas sendo pressionadas pela urbanização, ocupação irregular, presença de espécies
exóticas, falta de planos de manejo e gestão. (Ferretti, 2010).
A princípio, se pretendia com essa pesquisa estudar aspectos gerais relacionados à legislação para a criação das UC municipais, destacando os conflitos fundiários. No entanto, a partir da leitura sobre processos de ocupação de moradores em alguns desses espaços, incluindo comunidades tradicionais, surgiu à possibilidade de abordar especificamente uma área que ainda não tem uma UC, mas que as comunidades tem interesse em criar.
Na medida em que a pesquisa foi sendo aprofundada aparecem questões polêmicas como áreas de proteção integral decretadas em territórios já habitados, e, sobretudo os parâmetros que balizam a decisão de quais áreas devem ser protegidas.
Durante a pesquisa sobre as UC no município, buscando um direcionamento do tema, encontrou-se um conflito no sul da Ilha de Santa Catarina que envolve comunidade e a criação de uma UC. A proposta de criação do Parque Natural do Pântano do Sul. Especificamente nesse caso, a ideia de criação de uma UC, partiu da comunidade em resposta diante das ameaças da especulação imobiliária, na figura de grandes empreendimentos
propostos pelas empreiteiras detentoras de uma área de planície entre o Pântano do Sul e a Armação. Mais que uma simples demanda de uma paisagem natural de acesso público há uma tentativa de conservar uma área de preservação permanente (APP), área essa que é considerada de inundação.
A proposta da comunidade surgiu para manter a qualidade de vida dos moradores, ameaçada diante a possibilidade da população do distrito dobrar, com novos loteamentos, ocasionando um processo semelhante á região do norte da ilha. Assim, essa pesquisa procura discutir quais os caminhos tomados por um movimento social local, surgido a partir dos debates do núcleo distrital do Pântano do Sul e de como este encaminhou para o núcleo gestor da prefeitura propostas da criação de UC. A comunidade se mobilizou e ainda se mobiliza,
através de manifestações sociais e de documentos técnicos, encaminhados para os órgãos ambientais.
Diante de um tema atual, a pesquisa participante foi fundamental, acompanhando os debates e conhecendo o
movimento. Nesse trabalho, os conflitos serão retratados em uma análise da mobilização pela criação do parque, bem como uma discussão do papel da geografia sobre a temática.